segunda-feira, 8 de abril de 2013
Jorge Amiden - Gênio esquecido do Rock Nacional
O Grupo Karma foi formado no Rio de Janeiro pelo ex-guitarrista da banda ‘O Terço’ Jorge Amiden, reza a lenda Amiden ter sido o primeiro cara a aparecer com uma guitarra de três braços (a tritarra) na história do rock, antes do Jimmy Page, no FIC de 1971 quando ainda estava no Terço.
Sergio Hinds sobre a saída de Amiden: Teve uma briga mesmo, na época. Tipo assim, ele queria fazer um negócio e a gente queria fazer outro. Pintou uma briga e ele saiu. E aí, nunca mais… Mas depois disso a gente ainda continuou amigo, ele foi pra São Paulo pra trabalhar num estúdio. Depois eu nunca mais o vi, o último contato que tive foi com seu irmão. Já faz muito tempo. Ele sumiu do mercado.” (extraido de uma entrevista para o site Jovem Guarda).
História:
Esquecido num sítio na periferia do Rio, o compositor, guitarrista e fundador de O Terço e do Karma, Jorge Amiden, tenta recuperar a saúde abalada pelo uso de drogas e das (pouquíssimas) viagens que fez com LSD no início dos anos 1970. Foram muito boas, mas custei a voltar delas, diz o nosso afável Syd Barrett. Jorge é o compositor da inesquecível ‘Tributo ao Sorriso’ (em parceria com Hinds) e de tantas outras canções geniais do repertório de O Terço (1970 a 1971) e do Karma (1972). Era ele o principal arquiteto dos vocais harmoniosos de ambas as bandas. Além do mais, gravou um antológico LP com o Karma, participou do disco ‘Sonhos e Memórias’ de Erasmo Carlos e integrou a banda de Milton Nascimento. Depois, com o cérebro golpeado, se afastou dos palcos. Seguiu-se, então, um longo e indesejável ostracismo. Mas Jorge quer voltar, quer a música viva de volta a sua vida. E nós, órfãos de sua brilhante musicalidade, torcemos para que ele encontre o fio da meada, a luz no fim do túnel, a glória de um final feliz.
Após romper com O terço, Amiden logo encontrou novos parceiros. Com Luiz Mendes Junior (violão e vocal) e Alen Cazinho Terra (baixo e vocal), irmão de Renato Terra, o guitarrista daria início a sua trajetória de pouco mais de um ano como líder do Karma. Ramalho Neto, da RCA, não teve dúvidas em contratar a banda antes mesmo de ouví-la. Reconhecia o talento de Amiden e antevia um belo disco do Karma para a RCA.
E foi o que aconteceu. Pouco tempo depois, a RCA distribuía na praça o LP homônimo do Karma, uma obra antológica que merece constar de qualquer lista dos melhores discos da história do rock brasileiro. Com uma sonoridade predominantemente acústica servindo de base para a primorosa vocalização do trio, ‘Karma’ é recheado de canções brilhantes, como ‘Do Zero Adiante’ (Amiden e Mendes Junior), ‘Blusa de Linho’ (Amiden e Rodrix) e a revisitada ‘Tributo Ao Sorriso’ (Amiden e Hinds). Esta, levada quase até seu final em a capela, servia para realçar ainda mais a força vocal do conjunto. Vale destacar a participação do baterista Gustavo Schroeter (então integrante da Bolha), que ajudou a abrilhantar o disco com sua batida sempre consistente, arrojada e precisa.
E foi com Gustavo na bateria que o Karma fez o show de lançamento do disco no Grajaú Tênis Clube. Lamentavelmente, este pequeno tesouro concebido por Amiden jamais foi reeditado. Possivelmente hiberna nos arquivos da RCA desde o seu lançamento, em 1972, como hibernam tantas outras obras importantes nos arquivos das gravadoras brasileiras.
Em sua curta vigência sob a liderança de Amiden, o Karma ainda participou do VII Festival Internacional da Canção Popular, em setembro de 1972. Foi quando defendeu ‘Depois do Portão’ (Amiden e Mendes Junior). Em 1973, nos primeiros meses do ano, durante um show no Clube de Regatas Icaraí, em Niterói, depois de misturar bebida com drogas, Amiden perde o controle do próprio cérebro. O solo de guitarra parece interminável… Depois, sentado à beira da praia com Mário, se perde em plano existencial paralelo, vagando inseguro e solitário pelo lado escuro da lua.
Jorge só encontra a saída do enovelado e desconhecido labirinto no dia seguinte, quando percebe que o mundo não é mais o mesmo, o Karma não é mais o mesmo, a música não é mais a mesma…E nem sua vida seria mais a mesma. Dos palcos, se afasta…para na calma do tempo, quem sabe uma luz como guia, em dado momento, conceda algum dia seu retorno sereno.
Texto de Nélio Rodrigues, publicado originalmente no blog SomBarato
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